O governo Trump está investigando o Brasil por suas práticas comerciais e "ataques" às "empresas de mídia social dos EUA".

O abismo entre Brasil e Estados Unidos desde a posse de Donald Trump é cada vez mais evidente. Em um novo embate entre os dois países, o Representante Comercial dos EUA, Jamieson Greer, anunciou a abertura de uma investigação sobre o Brasil por suas práticas comerciais e "ataques" a "empresas de mídia social americanas", relata a AFP.

Na semana passada, Trump impôs tarifas de 50% sobre as importações brasileiras contra o Brasil, governado pelo presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva . Ele fez isso em parte como punição pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe.

Nesta terça-feira, Washington foi mais longe ao cumprir a ameaça de abrir uma investigação sobre o Brasil, como prometeu na carta a Lula anunciando as novas tarifas alfandegárias aplicáveis a partir de 1º de agosto, caso um acordo não seja alcançado antes disso.

"Sob a orientação do Presidente Trump, estou iniciando uma investigação nos termos da Seção 301 sobre os ataques do Brasil às empresas americanas de mídia social, bem como outras práticas comerciais desleais que prejudicam empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos americanos", disse o Representante de Comércio Greer em um comunicado. "As barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil justificam uma investigação completa e, potencialmente, medidas corretivas", acrescentou Greer.

A Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 aborda práticas estrangeiras desleais que afetam o comércio dos EUA.

Washington investigará o comércio digital e os serviços de pagamento eletrônico para verificar se prejudicam empresas americanas. Cita como exemplos restrições à prestação de serviços no país e retaliações "por não censurar o discurso político".

Parece se referir à proibição judicial do Rumble , uma plataforma de compartilhamento de vídeos popular entre grupos conservadores, por se recusar a suspender a conta de um usuário dos EUA procurado por espalhar desinformação.

O governo Trump também investigará as "tarifas preferenciais injustas" que o Brasil concede "às exportações de certos parceiros comerciais globalmente competitivos".

Ele também acusa o Brasil de "incapacidade" de "implementar medidas anticorrupção e de transparência" e de aparentemente negar "a proteção e a aplicação" dos direitos de propriedade intelectual.

Em relação ao etanol, o governo Trump reclama que o Brasil abandonou "sua disposição de oferecer tratamento praticamente isento de impostos ao etanol dos EUA" e, em vez disso, aplica tarifas "substancialmente mais altas" do que a outros países.

Por fim, ele afirma que "o Brasil parece estar falhando em aplicar efetivamente as leis e regulamentações destinadas a coibir o desmatamento ilegal , prejudicando a competitividade dos produtores agrícolas e de madeira dos EUA".